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Mostrando postagens de fevereiro, 2014

Sonho.

Cinco. Este era o número de vezes em que lembrava ter soprado velas nos aniversários, embora sua idade marcasse oito anos de vida. Isso pouco importava ao garoto. Ele queria ir em busca de um sonho. E teve a ideia de pedir dinheiro ao pai para comprá-lo. O pai estava no seu restaurante caseiro fazendo contas como em todas as tardes, depois que a maioria dos clientes - peões de uma fábrica de cimento próxima - já havia ido embora. Muito chateado por conta das dívidas e sem tempo para dar “sermão”, o pai deu dinheiro à criança. Cinquenta Centavos de Real foi o valor dado, quantia suficiente para fazê-la correr dali, de felicidade. Alguns minutos depois, a pouco mais de cinquenta metros de distância, a criança ouve um grande estrondo: um caminhão de cimento totalmente desgovernado invade o restaurante do pai.  A criança começou a chorar e foi amparada por adultos. Pessoas ajudaram e retiraram o pai praticamente ileso, próximo à outras vítimas; incluindo algumas fatais...

Escrever.

Escrever é apaixonante. Tão bom, aliviante e confortante. É como expulsar algo ruim, colocar pra fora sentimentos negativos e capturar positivos. É como um vício saudável e quase indescritível, por sorte e azar. Sorte dos poetas, dos contadores das mais variadas histórias. Há tesão no registro do que se vê, do que se sente, do que se ouve, do que se toca. Escrever requer sentidos apurados para capturar o cheiro da comida descrita, ouvir a música cantada pelo personagem, ver a beleza de um cenário ou tatear a pele suave de alguém.

Viciado.

Ele já estava perdido há dois dias. Um piquenique que deveria ser rápido havia se tornado um pesadelo. Para piorar a situação, ele era um viciado pesado e os amigos não desconfiavam disso. Na verdade, isso parecia pior do que a fome ou ficar horas perdido na floresta. A abstinência o sufocava. Nunca admitira o vício a ninguém, por vergonha ou medo, embora a situação fosse grave. Começou a gritar, em vão, pedindo ajuda. Alguém que, mais do que ajudar a reencontrar a trilha perdida, pudesse oferecer uma dose do seu vício. Os gritos ecoavam na imensidão natural, mas ninguém os ouvia além dele mesmo. Então, um milagre aconteceu. Ele não encontrou a trilha, mas algo muito mais valioso: uma porção de jornal velho. Pôde ler algumas notícias, ainda que antigas, o suficiente para aliviar um pouco seu vício na leitura. Importante : este texto estava na minha mente desde muito tempo. Eu tinha certeza absoluta que era do Veríssimo. Outo dia decide recordá-lo e pesquisei. Pesquisei muito e não e...