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Mostrando postagens de outubro, 2014

Espingarda

Todos falavam sobre a habilidade do garoto - e não sem razão. Era coisa de outro mundo o que ele fazia com os pés. Era algo incrível e parecia incomparável a qualquer outro antecessor. Apesar das pernas tortas, ele era rápido, tinha força, um gingado e uma malandragem que não negavam a brasilidade. Desde muito cedo, ele havia aprendido que o mundo ao seu redor não perdoava falhas. Criado em um ambiente onde o erro era sinônimo de punição severa, ele desenvolveu uma determinação feroz para ser impecável em tudo que fazia. A sua pequena figura escondia uma resiliência descomunal, algo forjado no calor das expectativas esmagadoras e da dura realidade que vivia. O teste de fogo veio em um dia comum, mas para ele, era o dia decisivo. O chão recém-limpo brilhava sob a luz da manhã, e a pá de lixo estava ali, desafiante, esperando para ser manuseada. Com o pé direito, ele a segurou com a destreza que todos admiravam. Seus olhos estavam fixos, cada músculo em tensão, buscando a perfeição. Mas ...

De volta ao mundo real.

Finda, agora, um ciclo tão maravilhoso - em média - que a dificuldade de discorrer palavras torna-se evidente. Aconselho a todos que puderem um dia fazê-lo, faça-o: largar, por alguns meses, o trabalho. Embora seja apenas uma atividade diária, carrega consigo o ônus inato de deixar-nos muito menos “livre”. É uma experiência extremamente gratificante e engrandecedora. Obviamente precisa de toda a preparação financeira anterior para nos mantermos no mundo sem afetar aqueles que dependem de nós.   Saldo: 7 contos escritos, uma poesia, ~3200 páginas lidas, 03 novas paixões musicais, 4 partidas de futebol disputadas, muito tempo com as pessoas que amo, descoberta de novas pessoas maravilhosas, três séries e meia assistidas, um filme & alguns momentos de bastante farra. Intenso e insano. Hoje, 30/10/2014, volto a trabalhar - tradicionalmente falando - depois de exatos 07 meses. Ironicamente o trabalho será o meu descanso e veio em excelente hora. Voilà!

Sufoco

Uma dor nas costas ou algo assim. Em algum lugar, no corpo, dói uma dor sem fim. Aquele aperto no peito e aquela falta de ar. Parece até a morte avisando que um dia vai chegar. Eu não quero; não quero nenhum pouco. Continuar a viver neste sufoco.

O tempo.

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Até os 10 anos: O que? Qual? Por quê? Com 10 anos: "X" está correto. Com 20 anos: "X" é um grande absurdo, "Y" está correto. Com 40 anos: "X" estava correto. .... Fonte: Google Imagens Dá pra prever que, pouco antes do fim, voltaremos para o "até os 10 anos" e este interstício de redescobertas é o que o apaixonante Rubem Alvez chamou de "felicidades". Sim, no plural. Pelo fato delas não serem, graças a deus, contínuas. "Felicidades" é notar na passagem do tempo as redescobertas escondidas pela exatidão do presente.