Aeroportos.
Poucos são os lugares em que qualquer dia e hora se possa ir e encontrar alguem. Àquele que precisa fugir da solidão pode ter como alternativa os aeroportos, sempre tão cheios de pessoas das mais variadas histórias.
Os aeroportos têm pessoas indo trabalhar, vindo passear, indo se despedir, indo chorar. Pessoas vindo conhecer algo, indo para um show, ou apenas sacar dinheiro no banco 24h. Têm pessoas comendo, pessoas dormindo, pessoas falando ao celular.
Têm várias nacionalidades, vários idiomas, várias sorrisos, várias estilos de roupas para usar. Não há nada mais miscigenado que aeroportos. Nada mais heterogêneo. Paradoxalmente, este séquito de pessoas interligadas sem relação alguma, torna o aeroporto um lugar solitário. Apenas “um nome no papel”.
Em cada abraço ver-se junto à alegria a tristeza de uma despedida, ou à tristeza a alegria da quebra de um jejum de saudade.
Em cada olhar ver-se o desespero do medo do voo, a ansiedade da reunião de negócio, a angústia do celular fora de área.
Também ver-se a novidade da terra nova ou a saudade da terra natal.
O aeroporto é o lugar solitário mais cheio de pessoas que possa existir; um rei que não conhece a comitiva que o segue. É a harmonia nascida do caos das ligações aleatórias entre as pessoas temperada pela solidão do desconhecimento entre elas.
O aeroporto é isto, um texto que deixa escapar às mãos sentimentos que tentaram ser capturados, em vão.
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