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Mostrando postagens de 2017

Meus pedaços.

Sinto-me ausente de mim mesmo, e presente fora de onde estou. Assim é o começo do que nunca queremos. Sua consciência não mais existe, embora eu sinta sua energia onipresente. Sua existência não mais persiste, arde; pois, pela sua ausência, meu coração doente. Teu Boa noite não chega mais nem de dia, teu Bom dia vem nos meus sonhos da noite. Sonhos? Belisco-me e comprovo a infeliz tristeza; aquela que insiste em não demudar o passado em presente. É difícil dizer “Ele gostava disso” para um amigo. É difícil ouvir  “Ele fazia isso” de um vizinho. É difícil pensar em “Porquês, Como’s e Se’s”. Enquanto, por ti, meu coração latejar hiperssuficiente. Sei que não me ouves e nem me lês, Mas sinto-te aqui; mais à vista que qualquer palavra escrita. Sei que tua consciência se foi para o infinito, mas preservá-la-ei no meu caráter e dedicação decentes. E quanto ao resto de razão que sobejou nos meus pedaços É bem mais irascível que eu inteiro; pois, ainda não aceitou...

Minha inspiração me abandonou.

A complexidade da vida adulta é inegavelmente desafiadora. Percebo que o cotidiano repleto de obrigações tem drenado lentamente - e de forma torturante - minha capacidade criativa. Embora as emoções permaneçam as mesmas, a habilidade de transpô-las em palavras parece ter se dissipado. As emoções, essas permanecem imutáveis em sua essência, vibrantes e vivas como sempre foram; contudo, a arte de traduzi-las em palavras parece ter-se esvaído como fumaça ao vento. Devo estar bem próximo à metade da minha vida. Eu gostaria muito de "me desligar" agora e me "religar" em dois anos, do zero. Ou viajar em queda livre durante alguns dias e sentir o sopro do vento nas costas, como uma cama aconchegante. Seria uma sensação libertadora.

Vento fraco

Pela primeira vez senti o vento fraco. Vento tão acostumado a resfriar meu rosto não teve força pra me fazer senti-lo. Pela primeira vez senti o vento ausente. Vento que sempre me abraçou de corpo e alma, mas agora sequer consegue se fazer presente. Pela primeira vez senti medo de não mais sentir o vento. talvez essas construções todas o impeçam de resfriar meu rosto. talvez essas construções todas o impeçam de se fazer presente. Mas sinceramente... pela primeira vez eu sinto que o vento está pedindo para descansar. Foram duros os caminhos. Foram duras as curvas que a vida lhes deu. Ahhh, e essas construções finalmente lhe renderam. Vento, obrigado. Tua presença modelou as construções que hoje te obrigam a descansar. Se foram construções boas, só o tempo nos dirá. Mas fique tranquilo, meu coração será eternamente o teu lugar. Até que eu seja o vento modelador das construções duras e curvas que eu vier a levantar. E até que eu seja, igualmente,  obrigado a...

[Adeus, Godofredo]

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Depois de algum tempo sem públicar nada por aqui...segue um microconto novo. [Adeus, Godofredo] Seu Godofredo, um senhor super simpático que já beirava a casa da idade dos bisavós não mudava sua rotina de um clássico enrugado aposentado. Todas as manhãs varria as calçadas das redondezas da sua morada, o que fazia seus vizinhos adorarem e se preocuparem com a já debilitada saúde do velho, que tinha avançados problemas cardíacos e dois eventos cirúrgicos pra contar como causo nas rodas de dominó.Certa vez, um grupo de adolescentes ricos resolveu gravar  pegadinhas pro Youtube, mania tão famosa naquele ano de 2016. A vítima? Godofredo. A pegadinha? Apontar uma arma de brinquedo e estourar uma bomba de pólvora atrás da pessoa "trollada". Consumada a brincadeira, Godofredo, de coração fraco, cai no chão, bate a cabeça e morre. Comoção e tristeza na redondeza. Protestos. Gritos e muita revolta. Era exigida a prisão dos jovens, que mais tarde foram descobertos filhos de e...