Voltei (!?)
Nunca escondi minha paixão pela leitura e escrita e, muitas vezes, usei esse espaço como válvula de escape para os problemas mais distintos pelos quais vivi. Entretanto, de uns anos para cá, embora não tenha parado de escrever por completo, parei de publicar aqui e isso se deve a muitos fatores.
A última poesia escrita aqui no blog foi para meu pai, um pouco depois de seu repentino falecimento. Morreu fazendo o que amava: enquando dava aula. Era professor de Matemática e Física, vimimado por uma doença silencioso e fulminante, daquelas que não dão chances de qualquer reação.
Um vácuo foi criado no meu coração e eu o preenchi de diversas formas, o que me causou uma total falta de tempo, ao mesmo tempo que são as novidades da minha vida dos últimos anos. Meti-me em uma porção incrivelmente grande de atividades que me exigiam uma dedicação bem acima da média e, por incrível que pareça, consegui (ou tenho conseguido) lidar com todas as responsabildiades as quais assumi, entre elas, um MBA que terminei recentemente, um Mestrado que igualmente terminei, outra graduação que estou em vias de concluir, escrevi capítulos para três livros técnicos. Além das tarefas acadêmicas, venci um concurso de contos que me possibilitou ser publicado em um livro impresso, passei em um novo concurso público, melhor e com carga horária menor que o anterior, o que me permitiu pedir demissão de um outro emprego que tinha na iniciativa privada: o de professor universitário de Graduação e Pós-graduação.
Como nem tudo são flores, essa energia toda tinhaum motivo e esse motivo não é nada bom, mas justifica o porquê de eu ultimamente ter estado um pouco distante, mergulhado em questões de saúde que exigiram minha total atenção. Recentemente, descobri que estou lidando com um tipo de doença bastante idiossincrático, algo como um espectro, que se relaciona com desordens da mente. Foi um choque descobrir que essa condição não tem cura, que é algo com o qual terei que conviver para sempre.
Isso significa tomar medicamentos pelo resto da minha vida, uma realidade que ainda estou tentando aceitar. Mais difícil ainda é a necessidade de parar de beber álcool, o que - honestamente - ainda não aceitei. Sempre gostei de como um simples drink podia me conectar socialmente com outras pessoas e abrir mão disso tem sido um desafio bastante complexo e difícil.
Todo esse turbilhão de mudanças tem aumentado significativamente minha ansiedade. Em alguns dias, parece que estou lutando contra uma maré interminável de preocupações e incertezas. Mas, em meio a tudo isso, estou aprendendo a aceitar minha 'nova" realidade. Estou encontrando forças na fé - que na maior parte da minha vida eu não tive -, algo maior que me ajuda a ver luz mesmo nos momentos mais sombrios. Estou me apoiando em medicamentos, atividades físicas e em desabafos sinceros com amigos próximos e minha terapeuta.
Esses desabafos têm sido o meu porto seguro, um lugar onde posso ser eu mesmo, com todas as minhas lutas e esperanças. E, embora esteja caminhando por uma estrada desconhecida, sinto que não estou sozinho, tenho uma rede de apoio sólida e facilmente alcançavel. A cada passo, cada pequena vitória, percebo que, apesar dos desafios, ainda há muita vida pela frente. E é isso que me mantém de pé, seguindo em frente. Vivendo, literalmente, um dia de cada vez.
E mesmo no meio dessa sinestesia incômoda, tem sido grfatificante demais essa caminhada.
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