Ontem foi um dia difícil. Muito difícil. É muito doloroso sairmos da nossa zona de conforto e vermos que, ao redor desse mundo imenso e imundo, têm pessoas tão dignas de viver quanto a mim, mas que não têm chance nenhum. As imagens da criança morta, afogada em um naufrágio, aguçaram meus sentidos mais profundos. Hoje eu vejo, escuto e sinto muito mais do que deveria. E isso dói. Dói demais. Dói como uma dor aguda, no fundo da alma, trancada, claustrofóbica, aterrorizante. Dói como o frio gélido do pólo norte. Ou como o calor imensurável de um vulcão. Dói porque não consigo tirar a dor dele e delegar a mim.