A pior perda

A Pior Perda.

A morte de uma pessoa querida não é a pior perda. A verdadeira perda ocorre quando a solidão devora todos os sonhos que um dia ousamos ter. Mata nossos sonhos, fere o peito como uma lâmina afiada e sem piedade. Arranca lágrimas com a mesma facilidade com que se arrancam flores de um jardim. Sem compaixão.

A pior dor não é a da perda pela morte, mas a da perda que nos faz perceber que nada resta a fazer além de chorar. E, quando as lágrimas já não existem mais, entregamo-nos, olhamos para o céu e esperamos a vida passar. As noites parecem intermináveis. O silêncio da casa mal acabada se torna o único companheiro nas madrugadas insones. A vontade de gritar e afirmar nossa existência é menor que a sensação de repressão causada pela perda dos sonhos, que nos arremessa a um vazio obscuro e indeterminado.

O som da chuva e dos relâmpagos torna-se a única música da madrugada. Contar as gotas que caem do telhado furado torna-se o melhor passatempo. As razões para viver parecem não desempenhar bem seus papéis. A pior dor é a da solidão. Quem diz que existe dor maior está enganado ou, infelizmente, mentindo.

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Texto escrito em 26/05/2007 tal qual o encontrei, com os erros de ortografia, inclusive. Pensei muito se deveria deixá-lo aqui ou não, especialmente porque o Eu de 2007 é completamente distinto do Eu de 2024. Passaram-se mais de 17 anos e vejo a vida de forma completamente diferente. Talvez por já me conhecer melhor ou, talvez, porque as razões para viver hoje já desempenham bem os seus papéis. 



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