Armadura
Minha paixão por música extrema é uma chama que queima no meu coração e na minha mente, especialmente quando me perco nos mundos mais sombrios do death metal, black metal e thrash metal. Desde os primeiros acordes distorcidos e os guturais esmagadores - especialmente de mulheres - até os blast beats "endiabrados" que reverberam nas profundezas da minha alma, esse tipo de música me proporciona uma sinestesia única. Pferece-me um escape, uma forma de canalizar emoções intensas e confrontar os aspectos mais sombrios da minha miserável existência. Para mim, essa paixão tornou-se intrínseca à minha medíocre identidade.
No entanto, por trás dessa fachada de brutalidade sonora e visuais ameaçadores, escondo uma pessoa de extrema sensibilidade. Dedicar-me à música extrema é, muitas vezes, uma forma de lidar com a minha profundidade emocional que contrasta com a imagem de durão que projeto aos familiares, amigos e colegas. A música extrema me serve como um esconderijo, um refúgio seguro. As letras, carregadas de angústia, existencialismo, desespero, desesperança e revolva, ressoam profundamente em mim, permitindo-me confrontar meus delírios e alucinações internas.
Serve-me, esse tipo de música, como arcabouço central da minha vida. A uso no trabalho para me blindar de inseguranças técnicas. A uso em encontro com amigos para parecer mais forte. A uso na academia, para - literalmente - ganhar raiva e conseguir mais forças. A uso em diversas situações nas quais somente eu conheço os motivos subsidiários de suas serventias, uma verdadeira armadura.
Perco-me, entretanto, quando saio desse escudo e mostro um pouco mais de mim, dando espaço para outros estilos musicais mais aceitos pelos "Silelos", em regra. No fim das contas, essa paixão é tanto uma expressão da minha identidade quanto um mecanismo de sobrevivência, permitindo que minha sensibilidade e minha força coexistam em um delicado equilíbrio e enquanto eu conseguir manter dessa forma, manter-me-ei existindo.
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